Hoje você perguntou sobre a minha vida e eu te respondi com um vai tudo bem. Você sabia que a resposta não era aquela e fingiu acreditar só para não termos entrado naquele nível psicológico de sinceridades absurdas. Mesmo já tendo ouvido respostas parecidas ou desculpas esfarrapadas sobre a mudança de humor ou o tédio daquele sábado de maio, tudo foi em vão. Parecíamos esgotados, na verdade, estávamos esgotados de tudo. Eu volto ao passado e paro no nosso primeiro capítulo. A sua personalidade me inquietava, aquele seu sorriso me tirava do sério e seu olhar parecia (ainda parece) uma obra de arte que me dá prazer em admirá-la por tanto tempo. Por um algum motivo, ainda não sei explicar o quê, me sentia interligada a você por inúmeros cordões: talvez porque eu caía sobre ti e me sentia livre, como uma libertação depois de uma falsa condenação.