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Confessionário



  – Sabe, eu nunca fui de acreditar nessas coisas. – confessou a moça. – Mas já que experiências são formidáveis para mim, resolvi vim aqui. “Um conjunto de vozes – um coral – era ecoado ao fundo” – Mas então minha filha... Quais seriam os seus pecados para estes serem perdoados? – perguntou, finalmente, o padre. – De certo, que tudo o que eu contar aqui será mantido em extremo segredo, padre? – sua voz tinha um tanto de malícia, mas o padre não se deixou levar com as atitudes ‘levianas’ que a cristã estava se atribuindo. Situações como aquelas não aconteciam com frequência na pequena paróquia do Padre Simão. E ele, um padre experiente, com disciplinas exemplares do seu chamado para com o clero – tinha a extrema clareza que não poderia deixar-se aos desejos da carne. Um pequeno de luxuria. – De fato, filha, fatos esclarecidos aqui; aqui mesmo permanecerão. – respondeu humildemente. – Graças aos Santos – benzeu-se. – Escute-me bem, padre Simão. – desejou chamar a sua atenção.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­- Quando eu era uma menina, costumava a dormir nas missas. Não gostava da falta de ação. E chegaram dizer-me que o céu era assim, aí, eu não aguentei... Não suportei a ideia de morar eternamente num lugar morgado – continuava, provavelmente, o padre tinha ficado espantado, aquilo era exatamente um pecado? Afinal ela era apenas uma criança com seus demeados sonhos infantis. – Filha, isto foi o seu passado, tenha... – foi interrompido – Bem, eu não aguentei e quis questionar o padre da época. Como tinha apenas 11 anos não soube me expressar adequadamente e fui logo o interrogando. O padre da época foi amável comigo, ele me falou que se existiam dois tipos de céu e eu tinha que escolher o qual se identificava comigo e pelo que eu demonstrava, desejava, entrar no céu contrário dos meus pais. – pausou, porém essa pausa fez-se inundar uma áurea negra naquele ambiente, a moça que em todo momento estava com seu rosto baixo e com uma expressão, aparentemente, neutra, levantou os sóbrios olhos e olhou para o nada e o padre que em todo o momento estava atento em analisar os fatos e segurar veemente o seu terço, a olhou entre as brechas minúsculas oferecidas pela madeira do confessionário; seus olhos revelaram o espanto a olhá-la tão especificamente.

 – Foi então, padre Simão, que ele me descreveu os dois céus. O Céu de Deus é paz e sem agito... – soltou um sorriso debochado. – E o Céu do inferno é turbulento, onde ficarão as pessoas que comentaram tudo que era ilícito ao Senhor. – o padre se encarregou de responder. – Esplêndido padre. – elogiou-o. – Lembra-se da pequena garota? Perguntou. – nada foi respondido. – Ela respondeu que queria o inferno, lembra? E o sabe o que o padre a respondeu? – a moça levantou-se e deu pequenos passos ao canto acomodado do padre; ele por nenhum momento se moveu. – Sabe, eu nunca fui de acreditar nessas coisas – repetiu – Mas naquele dia ele não me mostrou o pequeno passo para o inferno. “Mostrarei-te o pequeno passo para o inferno” relembrou de relance, vendo o padre como um caçador pegando sua presa – a pequena menina, ela, o presente eram suas presas naquele momento, mas em postos diferentes. Então o padre Simão começou se benzer.

Deus que é pai, Deus que é filho, Deus que é espírito santo...” – O vulto da arma branca foi mais rápido que o som da sua voz. – Amém - ela sussurrou em seu ouvido. 


Acho que essa música combina com o acabamento do conto.
Não levem este conto como uma critica ao catolicismo ou qualquer outro tipo de religião.

Comentários

  1. noss, muiiito bom o post *_*
    parabéns!
    o blog tá liindo dms ;D
    beeijos e sucesso ;*

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  2. Oi Arianne, muito obrigada ao elogio ao meu blog.
    O seu tbm é uma fofura...
    Mais tarde eu vou voltar aqui pra ler tudo....
    Um beijo.

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  3. Um blogueira de Paulista, legal!

    Sou do Recife, já acabei de te add, Bjss e até +.

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  4. Oi Ariane.
    A impressão que dá é de uma critica ao catolicismo, mais como vc descereveu como não sendo, então não é.
    Mas sobre o texto, digo que é maravilhoso em todo o seu aspecto. Vi que você tem algo em comum comigo, pelo menos na infancia quando eu ia na igreja sempre ficava cansada e entediado. Mas hoje sou diferente porque já tenho um pouco de cabeça. Quando vou na Igreja procuro prestar o máximo de atenção. Porque Deus é mais do que tudo. Beijo.
    Retribuo o seu seguimento.

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  5. ops esquecei de colocar mais um "n" no seu nome: Perdão. rs

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  6. Ah adoro seus textos flor
    nem tenho palavras para escrever sobre ele *-*
    Beijinhos

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  7. Adorei o post :) Ahhh tô indo viajar hoje, se Deus quiser e o caos aéreo permitir, amanhã já estou por aqui denovo visitando os bloguitos da vida.. Então.. Até a volta!!!

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  8. Sabe, você escreve muito bem. É bem intenso... :')

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  9. Nossa.. Adorei o "Amém" no final...
    Da mesma maneira que aquela menina novinha confiou naquele padre.. muitas outras meninas novinhas confiam em padres, pais, tios, vizinhos e etc...

    Não importa o que a pessoa parece, sempre existem excessões! Gostei daqui e obrigada pelo elogio! Estou te seguindo... depois tenta me seguir? ;~

    Beijoss!

    http://humilitate.blogspot.com

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  10. Por acaso a ideia com que fiquei foi mesmo uma crítica ao catolicismo, a religião que no meu caso pratico, mas como disseste que realmente não é, acredito então que não seja.
    E gostei da música.
    Obrigada pela tua visita! Gostei de visitar-te por cá, seguir-te-ei também!

    ResponderExcluir
  11. Quero dizer aos meados religiosos, crentes ou pessoas com suas denominadas crenças, que este texto apenas mostra como as pessoas que sofreram um mal não esquecem durante sua vida. A moça guardou consigo a amargura e vingou-se do padre. Como o tal, poderia ser um político, um pastor, um pai ou um tio, contudo preferir o padre que encaixou-me melhor no enredo da minha epifania descrita. E obrigada a todos pelos comentários, responderei em breve. Mais uma vez, obrigada. ^^

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  12. Seguindo flor! amei aqui! beijos!

    ResponderExcluir
  13. Olá querida! Muito obrigada pelo comentário em meu blog e que bom que tenha gostado. Te sigo também, e já tenho a certeza de ser mais uma leitora de seu aconchegante blog (:

    ResponderExcluir
  14. ,brigada pelo elogio ;D
    tô seguindo tbm ..
    beeijos :D

    ResponderExcluir
  15. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  16. Parabéns pelo blog.. obrigado pela visita!

    ps.: estou te seguindo!

    Abraço,
    P.A.

    ResponderExcluir
  17. Olá, Arianne!
    obrigado pelo seu comentário lá no ébrio.
    Gostei do texto, entendi perfeitamente a idéia.
    Mas, infelizmente as pessoas são muito literais.
    beijos, te sigo.

    ResponderExcluir
  18. Minha florzinha, primeiramente obrigada pelas palavras de carinho no meu blog. Agora também te seguindo...
    Seu blog é lindooo e cheio de posts interessantes...
    Voltarei com mais calma para ler e dps sim comentar.

    Bjkasss flor e um dia lindo pra você.

    ResponderExcluir
  19. nhaa obrigada pelo carinho lá no meu blog *--*

    beeijos

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  20. Por que não gosto de números ímpares; \o/

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