Pular para o conteúdo principal

Dias como este

Ontem não foi um dos meus melhores dias. Há dias que são ruins e outros bons. Mas ontem pude sentir o meu coração palpitar tão solitário como um cachorro abandonado na praça, sem remendos ou esperanças. Meus olhos tão pesados por derramar tantas lágrimas e meus soluços intermináveis de puro sofrimento. Tudo vem dando errado desde o começo e não quis enxergar. O meu corpo vem suportando muita coisa só porque o meu coração quis sentir. Estar apaixonada tem seus dois lados. Ser feliz e sofrer. Estou num meio terno incontestável. Fui feliz, mas agora sofro. E a solidão que me atinge tem que ser levada sozinha, por um tempo e quieta. Se queres fazer morada, ficas. Há cinco dias choro por um motivo que antes era tudo. Deixei ser levada por um sentimento tão forte, sentimento que passara apenas uma vez por mim e, agora, mais uma vez. Finais idênticos de pura melancolia, discórdia e dor. Será que os meus olhos os assustam?


Ou meu defeito de falar tão pouco. Quis ser amada de todo coração. Há uma necessidade nisso: Eu amo. Me ama? Mas não sou a pessoa certa. Gostei de cada defeito seu. Do seu modo de sentar na cadeira, da sua risada tão bruta, do seu cabelo bagunçado, da sua camisa tão repetitiva em todos os lugares, dos seus incontáveis sinais, das suas piadas estranhas e desengonçadas, da sua maneira de ver o mundo, do seu pessimismo exagerado, do seu perfume. Vivo cheia de interrogações. O porque de sentir tanto, ver tantos lugares ao mesmo tempo, a incerteza de onde estou e o segundo das minhas memórias plenas. Estou num período longo de estar estável. Nem bem nem mal, apenas morrendo. Afinal, morrer é algo natural da vida. Morrer de amor. Da falta dele. Não sinto o amor das pessoas que estão ao meu redor. Não sinto o calor que o amor proporciona. Estou com frio, todos os dias sinto um frio gigante me abater.

Uma vez me disseram que ver a morte de perto a torna ridícula, quero experimentar ser ridícula. Experimentar a dor rápida ou o sofrimento que levará a eternidade. Sentir minhas memórias irem se partindo, repicando as outras partes e das outras as outras, e chegar ao estágio nulo da vida. 

Me sentir capaz de tentar lembrar de algo e esquecer. Viver nessa procura de entender o meu passado e não encontrá-lo. Zerar a minha vida, meu espaço, meu tempo. Não quis te amar como eu amo agora, mas agora eu amo. Nossa linha tênue estar entre um coração palpitante e um coração tranquilo. Esse é o meu preço e estou prestes a pagá-lo. Não preciso de motivos para agradar os outros, esse é o meu e só acabe a mim. Apenas lembro do gosto da tua boca e sinto ela agora.

E eu tenho certeza que ninguém te amou como eu te amei.
Um final ridículo para uma vida ridícula.


Comentários

  1. Gostei desse texto. Achei bastante ais poético que a forma como escreve normalmente. Ainda assim parece bastante seu.

    ResponderExcluir
  2. Mais um texto da série: escrevi pra fazer a Carol chorar.
    Lindo e me tocou bastante. Estou vivendo um momento meio assim da minha vida.

    Blog | Facebook

    ResponderExcluir
  3. Que texto triste, de despedaçar o coração, de paralisar a alma. Porém, é uma tristeza que traz serenidade, eleva o entendimento sobre as coisas, principalmente sobre o amor. Não sei você, mas eu não espero mais viver no meu mundo idealizado, só espero encontrar alguns cacos dele.

    http://leigopoeta.blogspot.com.br/

    Espero uma visita Arianne ;-)

    Beijos, continue desabafando hehe

    ResponderExcluir
  4. Um bom poeta um dia disse não conhecer amor que não fosse ridículo. O que nos faz sentir é o que nos trona mais nobre, mesmo que seja um sofrer. E o melhor de nós levamos em frente. Se dor é oposição do amor e amor acaba, ela também.

    ResponderExcluir
  5. Garota, você leu minha mente e desvendou meu coração, né? Vamos,confessa!
    Esse texto ta muito eu, me identifiquei muito. Parabéns pela sensibilidade!

    ResponderExcluir
  6. nossa,incrível que conexão entre nossos mundos,parabéns por este texto incrível..ler este texto foi como se eu tivesse ti contado muita coisa .

    ResponderExcluir
  7. Mais um show da morena poetiza, sou um viciado em ler seus delírios, adoro esta página sempre com leituras que nos levam á refletir sobre momentos da vida, pra vc amiga deixo bjos, bjose bjossssssssssss

    ResponderExcluir
  8. Mais um texto forte, um desabafo de um coração que sentiu, que amou, que ama, que tudo absorveu. Uma pessoa que quer ser, quer valer toda sua vida. Lindo.

    Sentia saudades desse teu coração.

    Beijo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu e minhas grandes/pequenas/baixas fases.

      Obrigada pelo carinho, Ale.

      Excluir
  9. "Estou num período longo de estar estável. Nem bem nem mal, apenas morrendo. Afinal, morrer é algo natural da vida. Morrer de amor. Da falta dele. Não sinto o amor das pessoas que estão ao meu redor. Não sinto o calor que o amor proporciona. Estou com frio, todos os dias sinto um frio gigante me abater."

    Hoje me deu vontade de ler seu blog, vinte minutinhos antes de sair de casa. Sairei com essas ideias na cabeça. Adoro essa sua escrita sincera... É muito bonito, Ari.

    ResponderExcluir

  10. Olá!!!, Deus seja contigo, tenha um final de semana abençoado,
    amiga texto maravilhoso SUCESSO AMIGA.
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
    Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis

    ResponderExcluir
  11. Oi Ariane
    Sentindo sua falta no meu blog sabia?
    Em relação ao seu post, sabe há dias em que nada dá certo em nossa vida e nos sentimos as piores pessoa do mundo, mas se olhe no espelho e vê a pessoa linda que você é e aconteça o que acontecer sempre darás a volta por cima. Na sua vida não há espaço para nada ridículo.
    Grande abraço
    Blog Fernu Fala II
    Siga no Twitter

    ResponderExcluir
  12. Passando para desejar um grande e mágico Natal, e um 2014 repleto de projetos e realizações.
    Um abraço!
    Blog Homeopatia do amor

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente, opine, critique.

Postagens mais visitadas deste blog

A nossa história.

(  Acompanhe :   Prólogo   -   Capítulo I  -   Capítulo II ) O ENCONTRO . Naquele dia, ela acordou com uma vontade enorme de sentir-se amada. Estava cansada do lado da cama vazia e não ter ninguém para beijar no dia 12 de junho. Então, ela se arrumou como nunca antes. Escolheu seu melhor vestido, provocou no seu batom e caprichou no olhar, escolheu aquele salto que valorizava suas pernas e soltou os cabelos. Quando se olhou no espelho, se auto admirou. Que tipo de princesa a donzela teria se transformado? Sairia feliz e convicta que estava armada como um cupido do amor. Ela queria um parceiro que a dissesse que a amava e que a queria por toda vida. Passou por tantos pretendentes, mas nenhum a fazia sentir aquele toque de entusiasmo  (borboletas voando dentro da barriga) dentro do coração. Ele, o coração, palpitava cheio de energia quando um suposto príncipe a olhava e chamava para beber, mas no fundo tudo seria passageiro. Ela queria um que dura...

Faltou ar*

                Hoje acordei com aquela baita vontade de te ligar e agradecer tudo aquilo que vivemos. Agradecer por mostrar que o amor realmente existe e pode ser eterno, agradecer por você ter iniciado aquela primeira conversa e não ter cansado de mim. Por ter me dado chances e chances de ser feliz. Por ter orado comigo quando estava fraca de mim mesmo. Por simplesmente, você ter sido você mesmo e permitido me mostrar por inteira - me olhar no espelho através dos seus olhos e querer mais. Eu te agradeço por você ter despertado aquela felicidade antes desconhecida por mim e que se renovava todo dia. Chego fico sem ar quando relembro dos nossos dias, noites, madrugadas e algo que nem era dia nem noite. Você foi aquele que conseguiu me encontrar, na verdade, lapidar aquilo bruto que eu guardava. São muitas as coisas que eu não te disse. Às vezes, não te dizia o quanto eu tava feliz e o quanto eu amava nosso amor poesia . A intensidade é pouco p...

Um cigarro, três palavras.

Sentada daqui de onde estou, consigo ver sua alma gritando por uma resposta. Cruzo as pernas e trago outro cigarro, o último, prometo a mim mesma. Disperso meus pensamentos na paisagem a poucos metros dos meus pés, ah, minha liberdade. Algo me puxa de volta. São seus pés batendo ruidosamento em meu assoalho. Os meus olhos acompanham o movimento forçado dos mesmos. Agora eles sobem para seus braços cruzados fortemente em seus seios, como se tentassem segurar o seu coração que acelera com cada pequeno movimento meu. Acompanho também o pulsar da sua artéria. Tão enlouquente. Logo, foco-me em seus olhos castanhos, normalmente tão profundos e neste instante, tão vazios, desesperançosos. Percebo-me a tempo que esqueci do cigarro em minha mão e o levo a boca novamente. "Sim, eu amo você" digo em um sussurro sabendo que o entenderia. Vejo um sorriso brotar em seus lábios carnudos, tão sutilmente. Era o que ele havia esperado todo este tempo. E eu o dei. { Sthefane Pi...