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A viúva

As traças medonhas traçaram-lhe o corpo subidamente. Surpreendido pelo golpe que levará a alma, assustou-se ainda mais pelo autoriado. Aquele corpo maldito que um dia trouxera o prazer ao seu corpo - agora ferido -, lhe enfiara a faca maldosamente, onde os toques carnais, anteriormente ter-lhe-iam feito arder e contorcer algumas noites; revelara à medonha frieza e sutilidade em cravar a faca ao seu corpo. Corpo ferido mente ferida. Um corpo sem alma. O espírito condenado, o autor do assassinato, foi ao alheio acaso, considerado a mais prioresa vítima. Suas mãos não acusavam mais o fator do caso leviano – escondera em sua mente as articulações perversas tratadas com orgulho ao seu prêmio. O sangue antes escorrido agora não está mais na cena. Caminhava como uma viúva nata a caminho do corpo sem vida do marido. Consolada. Inconsolada. Consolações. Escondia na mente o que realmente acontecerá, e com habilidades esplendorosas – lágrimas saiam de seus olhos. Sua situação deprimente foi ofuscada, seu ateou de desejo fora acelerado. Não podia sair da sua cena.
Controlou-se. Mas não poderia desprender-se da atração de suas mãos delineadas de tal grandiosidade de um deus, a fez sonhar com fetiches maldosos. Vira o seu marido sepultado ser e aquelas mãos o enterrarem com fetiches desejara bem-dizer. Mãos que entregava em sua mente o seu troféu. Mãos que enterrava o defunto. O homem agora atraído para seus olhares, assentiu no seu ego o fogo do desejo em suas espinhas. Levantou seus olhos. Respondeu timidamente ao desejo. Ovações espantadas eram declaradas a multidão, o coveiro perdera um pouco do equilíbrio. Saudades da terra antiga o defunto sentia, diziam alguns.  O coveiro agora sentia a flechada ocular atingi-lo descontroladamente. Encontravam-se agora ali.  Não perderam números, milésimos, segundos ou minutos. Jogou o seu corpo lutuoso contra o mármore de um anjo, ousou passar suas mãos másculas entre as peças de sua roupa. Ela contrai-se. Seu íntimo grita para ser encontrado. Suas mãos percorrem mais uma vez o seu corpo, apesar das linhas do tecido o desejado é achado. Seus seios são delineados com suas mãos tão desejadas pela viúva, ela nas palavras em seu ouvido contrai-se, ele atenta. Ela continua. Ela deseja a entrada, aviso-o, ele mostra uma sede insaciável com o prévio. Ela atenta e sede espaço para o intruso, ele não recua. A domina. A possui de forma implacável e literalmente descontrolado.
Ambos ecoam a música da felicidade momentânea. Saciados pelo prazer, o coveiro sorri, demonstra prazer em conseguir dominar aquela mulher. A viúva o surpreende, ele a deseja mais e ela recusa. A cena sanguínea é repetida, e os maldosos dedos encontram a faca maldita, não recuam até acertá-lo pelas costas. Ele apavora-se, ela ri. E como da outra vez, é a última ninfa do prazer dos seus escolhidos. Corpo ferido mente ferida. Recomponha-se como uma viúva sofrida. Ela deseja mais uma vez e outra vez. O coveiro inerte despeja suas lágrimas ensangüentas por todo mármore angelical. Ela o estuda como se tivesse captado uma escultura inglesa – ela quer tocá-lo, mas não ousa. As cenas retornam – o marido o coveiro, ela. Eles não eram os primeiros, testava neles a nova arma treinada. Ela quer fugir, mas quer sentir novamente o poderio dos seus prêmios. Ela deseja mais uma vez e outra vez. Desespera-se, lembra-se que não há ninguém a sua espera. Esqueceu-te da prole, ela sorri.
A noite escura acomoda tranquilamente uma criatura a dormir. 
 Ele acorda e busca um conforto de um sorriso em sua genitora. Sua mãe. Acolho repreendido. Palavras soltas e mais soltas são tampadas pela leveza das mãos da viúva. Ela o toma. O sufoca. Ele sente os olhos de morte. Ele deseja fugir, mas sua força ainda o torna vulnerável à dela.
Mas o corpo maldito torna-se a presa; a medonha faca escondida entre os lençóis infantis mostra-se a cena, ela tenta reagir, mas o seu corpo parece cedente pelo golpe.
Sem reação. Debruça nos braços do seu intercessor, ela sorri. 
Corpo ferido mente ferida, agora, ele, o filho, sorri. 

Comentários

  1. Nossa :O
    Realmente sem palavras. Tá perfeito.

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  2. Muito obrigada pelas palavras e espero ter criatividade e imaginação para escrever a próxima parte o mais rápido que posso.
    Obrigada mesmo pela força e pelo carinho.
    Beijos

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  3. menina Arianne...

    seja bem vinda entre as folhagens...Obrigada!!!
    Cada pessoa tem seu tempo e momento...não somos completamente selvagens e vadias...tudo começa com calma e leveza...seguimos um ritmo...que começa meio tímido...esquenta...e chega ao ápice do gozo...alguns pensam que somos santas...mas na verdade somos humanas...temos desejos,vontades...algumas sabem pedir...outras se calam...mas todas buscam o mesmo ideal...ser feliz!
    Tenha linda semana com bjks doce no ♥!

    Ps: quando te vi no mwnino WCastanheira,eu vim ak lhe ver...

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  4. Um texto bonito, que mostra os sentimentos de alguém que se debate com uma perda inqualificável. Um bom texto que ao mesmo tempo me fez pensar como seria, se isso acontecesse comigo.
    Gostei. :)

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  5. Excelente.Com uma linguagem que possui um toque pessoal.Parabens pelo blog.
    http://juventudeinformada.blogspot.com/

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  6. Simplesmente maravilhoso, escreves de fato não apenas guiada por tuas mãos, mas por teus sentimentos. Parabéns!!

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  7. Belo conto, pelas palavras, sua escrita é forte... A sensação do perder, descrito no seu texto, pareceu tão real que me vi perdendo algo também, algo tão profundo em mim, que me senti meio morto, meio ausente, um pouco no céu e um pouco no inferno...!

    muito bom seu texto.

    Guilherme Canedo

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  8. Gostei do texto você escreve bem ^^
    Parabéns

    http://profanofeminino.blogspot.com/

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  9. Ei fique com medo...gosto muito do g~enero conto ele pode ser bema mais prazeroso para aleitura do que um volumoso romance ...Parabéns

    www.pospretudo.blogspot.com

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  10. Ja estou te seguindo, gostei muito do teu blog, parabéns.
    Deixo o meu, pra vc visitar e retribuir.

    http://www.maniasdadiva.blogspot.com/
    Obrigada.

    ResponderExcluir
  11. Ah, Arih, como gosto de ler os seus contos...

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  12. Deu uma sensação de estar lidando com a mente de alguém confuso e desesperado.... isto deu um ótimo ritmo ao conto!

    Parabéns!

    ;D

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  13. Arih metendo a faca em todo mundo, hein? Haha, adorei.
    Mas agora não sei se sou uma psicóloga boa o suficiente pra tratar de você, como procedemos? =/

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  14. UEHIUEHIUEHIUEHUIEHUIEHIUEHUIHEIUHEIHEIUHEIHEIU. Kira, só você mesma, viu. XDDD

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  15. muito bom. é difícl encontar pessoas que sabem manusear tão bem as palavras!

    parabéns!

    sua epifânia foi perfeita!

    http://manuscritoperdido.blogspot.com

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