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Mostrando postagens de março, 2011

Vik - Parte II

Um pouco da Vik : Parte I - Parte II - Final Terça-feira, 12 de fevereiro. Maldito despertador. Minhas costas doíam quando acordei, na verdade elas continuam doendo. Hoje faz uma semana que estou na minha nova casa e pouquíssimos móveis estão espalhados por ela. Moro num condomínio. Ao total são setes casas e uma garagem com possibilidade para cinco carros. Já imaginou a guerra para estacionar. Minhas férias estão acabando e na minha dispensa apenas há alimentos para mais uma semana. Mas é meu cantinho. O celular toca. Era 06h23 da manhã. - Confidencial? – minha visão ainda estava embaçada. - Alô? - Bom dia, flor do meu dia. - Quem é a criança? – não suporto aquelas fúteis mudanças de voz. - Estressada pela manhã? Nem deveria ter ligado... – ele riu. - Não gosto de crianças. Quem é? - Mas que mau humor. É Anderson, neném. - Tchau. – desliguei o telefone. Anderson era um ex. Já tinha escrito sobre ele num dos meus diários antigos, mas o diário foi queimado. Não por causa dele,

Vik

Um pouco da Vik : Parte I - Parte II - Fina l Segunda feira. Bom dia, vida. Nunca pensei que escreveria um diário. Já o escrevi tantas vezes e muitas vezes o rasguei. Não desejo ser entendida, criticada ou apoiada com determinadas situações que escreverei nessas folhas, apenas deixarei viva a minha vida corriqueira em palavras. Deixarei que viva eternamente em palavras. Na verdade estou meio incerta de onde devo começar. Começaria desde o meu entendimento de vida ou a partir de agora? Talvez seja melhor explorar um pouco o meu redor. As sensações, os diálogos e as percas que todo dia me tomam; tentarei descrever minha vida. Sábado, 2 de fevereiro. — Para onde você vai? — Não reparou nas minhas malas? — Responda! – minha mãe estava nervosa. Ela nunca suportou ser pega de surpresa. — Vou para minha casa, mamãe - . Dei de ombros e fui embora. A maioria das malas já estavam no terraço. Apenas levava uma comigo. O engraçado é que quando olho para alguns anos trás, lemb
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." PS: Obrigada, Clarice Lispector. Obrigada por ser uma parte do espelho da minh'alma.

Sobremesa

Sorrisos, discussões ou diálogos são postos sobre a mesa e quando as brigas incomodam ou afetam alguns ali sentados, dedos indicadores mostram-se ativos sobre outros rostos e insatisfações são declaradas. Velhas feridas novamente abertas e aquela sensação perplexa perdida há muito tempo é novamente sentida. Alguns com autoridade, pelo avanço da idade, batem na mesa ordenando silêncio. Outros ignoram e terminam sua janta ainda sobre a mesa. Enquanto outros usam o esconderijo, nem tã o escondido assim, ao descaso abaixo da tabula retângula. Olhos não vêem. Pessoas nem tão anônimas assim e pernas curiosas esticadas, deliberadamente, a procura de outras. Olhares discretos. Ótima janta, poderia dizer outro ao vento, enquanto o próprio chão presencia as sensações descobertas. De quem seriam estes pés? Tão macios. Tão másculos. Tão. Tão. Aquele sorriso desajustado, aquele olhar inquieto e perverso. Acredita ter encontrado a dona daquelas pernas. Um pedido ao toalete. Um pedido de licença

Quando não existe amor

- E por que não tentamos do início? Podemos recomeçar quando e como quiser, basta você querer... - Não quero me iludir novamente. - Como sempre essas frases... - E como sempre o ponto final não é o suficiente, às vezes é preciso o último capítulo, sem continuações e nenhum amor pra dá. E sabe por quê? - Por quê?! - Por que o nosso amor se esgotou e cansou das mentiras fracas. E, como é sempre essas frases... – minha mão ofereceu aquela tapa  - Ela também queria dá um oi. Corri dali. Participe do Projeto Blogueiros Literários e tenha seu blog e texto divulgado:  Blogueiros Literários

Aquelas cartas

 São tantas cartas, meu bem. Preciso te perguntar se elas são o suficiente para você não me esquecer. Necessito saber a resposta porque sem ela continuarei as ler suas cartas e elas me sufocam o coração. Aqueles segredos, frases clichês e aquele amor quase doentio - ainda estou a vê-las e escritas por suas letras. Correspondências e suas malditas interferências vêem nelas aquele amor antigo, cedido e intenso. Onde sabíamos compreender nossa distância - porque sonhávamos conosco – e desabrochávamos nos papéis no meio da noite e tentávamos descrever aquele sonho um com o outro. “Ainda penso em você” pensar é doce “Você pensa em mim?” tentar saber o que o outro pensa é amargo. Aqueles papéis, papéis já envelhecidos descrevem o passado, talvez o passado que grite para se tornar presente, mas que se silencie ao olhar o futuro. Tantas frases soltas, elas deixavam-se levar com aquele sentimento. E onde elas foram parar, meu bem? Você já não corresponde o beijo prometido naqueles papéis,

A porta de Ester

A tal da madrugada pode-nos trazer muitas surpresas... Casado. Em seus olhos sentia o sofrimento da noite mal dormida, nunca o tivera visto, provavelmente era um iniciante que tinha a péssima escolha de começar com um bar vagabundo local. Quando quiser esconder-se do mundo, a primeira regra é não ir até a porta dele, acho que ele ainda não conhecia essa regra. As prostitutas sempre estão em alerta, às vezes fico impressionado com suas artimanhas. Um dia, uma dessa vida chamada Ester, me ofereceu o serviço completo pela metade do preço que era exigido por muitas ali, eu era novo cheio de vida, já deve imaginar minha resposta. Imaginei cada brincadeira que poderíamos fazer, mas ainda guardo comigo a frase dum homem, cujo nome desconheço e com ela aquela noite não existiu. Mas, isto é outra estória, hoje, aquele homem anônimo não está mais naquele bar e acredito que seus olhos estão voltados a mim. Digo, estou no lugar daquele homem e observo os iniciantes como ele observava. Ainda o

Desabafo #VI

Sentada na areia da praia, sentia o vento brincar com os meus cabelos. Sentia também seu sussurro, o sussurro do mar, querendo levar-me a sentir suas ondas. Também desejava isso, mas quando se sente um vazio este vazio não pode ser preenchido por águas salgadas – por que águas salgadas já estão saindo dos meus olhos. E elas são formadas por suas ondas e brincam sobre a face do meu rosto. Não possuem sussurros, mas provocam um som agudo saindo de dentro. Vou te contar uma coisa: Vou beber um pouco da sua água, mar. Só um pouquinho. Talvez assim eu compreenda algo que vem de fora para dentro e depois de dentro para fora. 

Destino monótono.

–    Esse dia vai ser como o de ontem – abriu um sorriso conformado. Andou até a frente ao espelho oval  e ele revelava uma linda mulher escondida com maquiagens pesadas. Sua mão deslizou seus sedosos cabelos negros para trás e seus olhos estudaram suas vestes para sua forma mais casual, não queria parecer o que realmente era: com um pequeno vestido vermelho com um chamativo e avassalador decote que valorizava de tal forma os seus seios. Esse vestido era formoso, não era vulgar, seu tecido parecia ou era seda. Suas pernas se estendiam com um aroma de óleo de uva. Estavam atraentes, mesmo não sendo maravilhada com belas pernas – elas estavam, devidamente, atraentes. Com um salto alto e novamente com uma maquiagem pesada, ela se retirou do seu quarto. – Ah, o perfume. – o dia não foi totalmente como ontem – se perfumou. Agora voltou a caminhar para o seu destino monótono. Desceu as escadas do seu prédio, não suportava elevadores, mas desceu com elegância. Seu olhar para ca

Com um olhar

Sempre começávamos com um olhar. Não me entregava à primeira vista, fingia não te ver, com o intuito de ouvir meu nome soado por sua voz. Porque eu sabia que você falaria. Sempre falaria. Então, naquela tardezinha do sábado, poucas pessoas, avenida e o céu com seu tom alaranjado – você me chamou e meu sorriso respondeu. Eram sempre saudações e pequenos silêncios (in)decididos. Desconhecia o sentimento, não sabia defini-lo e possuía o medo de limitá-lo com tal teoria do saber. Acho que não tinha nome ou era apenas aquele avesso inexplicável. A hipótese do amor não funcionava comigo, sentia-me firme como um ponto na sua frase e segura como uma vírgula adequada. Nosso silêncio queria ser quebrado, mas como não somos perfeitos, guardávamos conosco. Ardia. Sofria. Reagia com um adeus. E quando as saudações se esgotavam – elas são tão breves – apresentávamos um aperto de mão. Início da nossa despedida. Aquele aperto de mão queria ser transformado num abraço e depois numa ponte inabalável pa

Chega mais perto

  - Chega mais perto... Seu corpo respondeu ao chamado e nada mais falou. - Eu te amo, sabia? Eu te amo... – ele afastou o cabelo caído dos olhos dela. - Eu também te amo. - Diz: Eu te amo. O “também” parece que foi uma obrigação ou apenas educação a responder meu sentimento. - Não posso dizer isso. - Por que não? O despertou tocou, era 4h30 da manhã, um deles iria trabalhar. - Não quero dizer. Não agora. Ele ficou em silêncio. Será que ele teria se entregado demais? Aquela mulher resumia um pouco da sua vida. Foi com ela que ele sentiu o primeiro desejo de ficar perto todo dia, o primeiro sentimento diferenciado entre outras. Aquela cama estava quente, mas estava quente por que os dois estavam ali – ela era seu aconchego e ele sua caverna. Muito mais do que sentimento ou posse, ele queria que ela fosse feliz, mas desejava que essa felicidade fosse ao seu lado. - Você não me ama mais? É isso? O que aconteceu? Onde eu errei? – ele não respirava entre as perguntas. Já tinha se levantado

Queria saber

   Gostaria de entender um pouco mais. Saber que a saudade vai além dos quilômetros de distância e que não a mataria apenas por alguns minutos no telefone ou declarações escritas com palavras avassaladoras por envio duma carta. Entender um pouco mais sobre o significado exato do amor – ele é do bem ou do mal – uma dádiva, uma entrega ou apenas sussurros ao escuro da noite. Compreender que um toque vai além das palavras amorosas. Ele entrega todo o seu corpo. Mostra as provas do arrepio e seu sentimento é exposto do mais profundo esconderijo que ele poderia estar. Nos vasos dum coração. Ou seria nas explosões dum neurônio ou no baú mais secreto da nossa mente? Vou contar um segredo: tentei mergulhar o mais fundo possível, percebi que a calamidade do espaço percorrido entre nós era ainda mais perspicaz.  A teoria do meu espaço era lamentável – onde estava não podia sentir você – apenas podia lembrar seus sussurros no meu ouvido, nada mais além disso. Inconcebível era o seu toque, esplênd

Desabafo #VII

Não me exponha muito. Gosto do escondido e armador. É onde nos descobrimos por completo e por inteiro. Minhas palavras são minha liberdade e desejo desfrutá-las como ninguém.  Desejo sentir sozinha a sensação da verdade, pois assim, não me encobrirás com mentiras. Poupe-me do sofrimento melancólico. Atribuo-me a independência – dependência – a você. Para quê serves estes folhetos mentirosos e estas flores com essências perdidas? Onde se encontram palavras que são escritas para encobrirem calúnias empacadas dentro de nós. Deixe-me sentir o meu coração. Quero senti-lo como um novo, apesar de está velho demais para carregar amarguras e sensíveis por completos para entregar-se com toda alma. As xícaras holandesas possuem a beleza de sobrecarregar-se com a imaturidade dos nossos olhos. Quando nossos olhos ainda são e sempre serão inexperientes para com as ilusões alheias dessa maldita vida. Admito, entrego-te as xícaras, muitas delas e acerca-te de enviá-las para sua maldita língua. Esta l