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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

O nome dela é Júlia

Vagalumes Cegos by Cícero on Grooveshark      O cheiro dela sempre estava em mim. Eu, deitado naquela minha rede barata na varanda, escutei suas batidas na porta. Como sabia que era ela? É porque ela batia sem espaço de tempo, como se estivesse fugindo da morte e ali era a salvação. Fui montando o meu sorriso que era dela e chamei de meu dengo.  Encaixei meus dedos nos dela e a puxei ao som de Cícero.   Não, isso não acontecia todos os dias e nem sempre meu humor estava naquela medida, mas esqueci de mim um pouquinho e brinquei com ela.  Dancei com ela durante alguns segundos: aqueles seus olhos fechados, corpo leve e sorriso nascendo. Ainda não disse o nome dela, não foi? O nome dela é Júlia. Júlia de 23 anos, ainda voava como criança e tinha um dom de pintar um quadro mais louco que o outro. Finalmente ela ficou sem fôlego e correu para cozinha. Escutei da sala a geladeira se abrindo e a água sendo colocada num dos copos americanos.

Ausência

Keep Me Warm by Ida Maria on Grooveshark           As coisas que eu nunca te disse se resumem a vários fatores, um deles, seria: ausência. Se eu te contasse tudo, e não houvessem mais segredos (nem dos pequenos) entre nós, eu, com todas as letras, sentiria ausência do meu próprio segredo. Porque eu sou assim. Te contar do início pode ser complicado, mas começamos da metade e completamos esses deslizes. E, mesmo se eu te contasse tudo, como seriam aquelas nossas tardes tediosas sem mais nada pra contar? Falaríamos do trabalho, das novidades dos amigos dos amigos, faríamos planos, correríamos pelo parque? Isso tudo me parece tão água correndo pelas mãos. Logo você que vivia me perguntando tudo e ria quando não ouvia a resposta. Não te peço desculpas por ter sido o que eu sou, mas é que me contaram que deveríamos ser transparentes com que amamos - nos doar por inteiros. Essas mesmas pessoas nunca conseguiram me definir de maneira exata o que era o amor e como elas teriam a certeza

Numa dessas prévias de carnaval

           O dengo dela era farsa. Tudo o que eu descobri foi um sorriso de criança que se apaixonava pelos motivos errados. Amiga dos meus amigos, minha amante nas drogas. Não sei ao certo a idade que ela tinha, mas vendo pelo lado da sua irresponsabilidade e da depressão escondida por trás daquela máscara, eu arrisco uns 20. Morena, uns 1,60 de altura, leve como uma pluma (uns 44 kilos) e olhos que me revelavam tudo e ao mesmo tempo nada. Olhos que me inquietavam. Na verdade, sendo direto a esse ponto, seus olhos eram cor de mel. A encontrei quando estava sendo arrastado por um bloco e ela por outro - e, naquelas ruas do Recife, nos deparamos. Numa dessas prévias de carnaval, ela sorriu com cinismo e me puxou para o clima dela. Me fez dançar toda aquela tarde escaldante, e não cansei. Não cansei de estar perto daquela menina perdida e sem previsão de saída. Ela tinha toda aquela energia que me deixava com vontade de ficar. Uma personagem completamente perdida no mundo das fantas

O meu amor nessa madrugada

          Hoje bateu uma louca vontade de escrever sobre você. Então, relembrei o dia em que nos encontramos pela primeira vez. Achei você o rapaz mais incomum do mundo, o cara que era completamente ao contrário do meu ideal. Mas ideiais foram criados para serem quebrados ou superados, e você conseguiu. Não estava com a minha melhor roupa, não tinha ensaiado nada em frente ao espelho, não estava com batom vermelho - naquele momento eu poderia ter me tornado a mulher invisível e ter passado despercebida do seu sorriso, mas você me capturou como se captura uma foto com o ângulo perfeito. Aquele seu olhar que sempre me passa as respostas erradas e que insisto em pensar que sei todas elas.  Sou aquela típica garota que apenas quer ser feliz com um garoto nem tão perfeito assim, mas admitir isso nem sempre é fácil quando se leva tantos nãos. Acho que essa frase ficou um pouco clichê e fagada demais, talvez, ela me transmita melhor assim: Sou uma nômade à procura do abrigo ideal; sou um

Sobre nós e nossa cura

Estou me despedindo de você com um nó na garganta e com pensamentos mais alto que o próprio monte everest. Estou me pondo em risco para salvar nós dois de mais choros e descontentamentos. Porque deu certo no início e alguma coisa deu errada. Você tinha se tornado o meu consolo, o meu barco de fuga, o meu riso – a cura da minha ferida. Estou me despedindo de você com um aperto no coração. Você foi minha cura e estou me abdicando dela. Me leia/me ouça/me sinta: Você foi como o casulo de uma borboleta – uma metamorfose necessária na vida. Agora somos mais dois livres no mundo e, completamente, prontos para mergulhar em outro amor. O mais fundo possível dessa vez. Um que não seja mais para curar o outro, mas que seja para abraçar e cuidar. Porque amor também é isso: é sonhar acordado. É amar sem mesmo saber o que é amor.  Mais um daqueles desabafos da madrugada... @ ariannebarromeu