Pular para o conteúdo principal

Aquelas cartas



 São tantas cartas, meu bem. Preciso te perguntar se elas são o suficiente para você não me esquecer. Necessito saber a resposta porque sem ela continuarei as ler suas cartas e elas me sufocam o coração. Aqueles segredos, frases clichês e aquele amor quase doentio - ainda estou a vê-las e escritas por suas letras. Correspondências e suas malditas interferências vêem nelas aquele amor antigo, cedido e intenso. Onde sabíamos compreender nossa distância - porque sonhávamos conosco – e desabrochávamos nos papéis no meio da noite e tentávamos descrever aquele sonho um com o outro. “Ainda penso em você” pensar é doce “Você pensa em mim?” tentar saber o que o outro pensa é amargo. Aqueles papéis, papéis já envelhecidos descrevem o passado, talvez o passado que grite para se tornar presente, mas que se silencie ao olhar o futuro. Tantas frases soltas, elas deixavam-se levar com aquele sentimento. E onde elas foram parar, meu bem? Você já não corresponde o beijo prometido naqueles papéis, o seu correio, sua correspondência já não é a mesma. “Eu te amo” e corávamos de vergonha “Você me ama?” Percebo que estas frases sempre estavam à tona em nossas cartas. Esquecemos de confirmar os sentimentos nas outras linhas; uma garotinha, um rapaz – sentimentos desabrochando. Sorrisos sinceros e lembranças antigas daquele amor. Intensidade madura, pensamentos soltos. “Me ame toda hora, todo tempo...” Tempo esse passado ou tempo presente? É o hoje? Éramos tão pequenos, mas com imensos sentimentos. Tive medo de arriscar mais... Quem sabe não agora? Telefones ocupados. Talvez estivéssemos lendo as cartas na mesma hora do mesmo tempo e queríamos nos falar na mesma hora naquele mesmo momento. O destino é tão perverso, meu quase amor. Você estará lendo nossas cartas? Estou com sua metade e você com a minha, talvez devêssemos compartilhar esta nossa metade e nos completar.  

*Bloínquês

Comentários

  1. Belo texto, onde essas metades das cartas unidas dariam um ótimo resultado.

    ResponderExcluir
  2. Awn que liindo! Eu adoro cartas, guardo todas que ganho. Depois de um tempo, a gente lê e vemos como era antes... Mata um pouco da saudade.

    ResponderExcluir
  3. lindo o texto, mas talvez seja melhor não ler coisas antigas, reviver o passado é deixar de encarar o presente. E se hoje as coisas estão diferentes do que eram naquelas cartas talvez o melhor seja seguir outro caminho.

    Beijoos
    http://agarotaquetemquasetudo.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  4. feliz vão ser quando forem completos sem depender do outro

    ResponderExcluir
  5. Mto lindo o texto. Ah o amor...rsrsrs.

    http://boomnaweb.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  6. Palavras, apenas... Palavras... Pequenas...

    ResponderExcluir
  7. O destino é mesmo perverso.. mas o verdadeiro amor sobrevive ... =p


    Gostei do post... =D


    Bjuuu =*

    ResponderExcluir
  8. "cartas de amor quem as não tem?Cartas de amor Pedaços de dor Sentidas de alguém"

    ResponderExcluir
  9. Caramba,que show o texto,está de parabens

    Estou ajudando uma amiga na divulgação do blog, se puder comentar e ajudar...Abraço
    http://gihcamp.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  10. Um amor a distância tem que ser realmente forte para suportar a saudade, e para manter o sentimento aceso, mesmo que só na lembrança. Reviver sem poder viver é mesmo uma tarefa difícil.
    As cartas talvez façam o coração bater forte, acelerado. Ao ver a letra, ao ler as palavras, doces e gentis. Palavras que remetem amor, a saudade que sente.
    Gosto muito desse amor meio as antigas, é puro

    Grande beijo;

    ResponderExcluir
  11. Um texto lindo!
    É incrível como algumas coisas se perdem com o tempo, inclusive sentimentos. A distância em partes ajuda e atrapalha, pois ao mesmo tempo que nos traz a saudade, nos traz a vontade de esquecer e partir pra outra para evitar maiores sofrimentos.

    Parabéns pelo texto, que como sempre está ótimo.

    ResponderExcluir
  12. Quanto sentimento Arih.
    Aprecio essas emoções gentis, que afagam a gente. E essa troca mútua de palavras sentimentais é linda, mesmo quando o tempo já se fez imponente, e mesmo que a distância também o acompanhe em seu reinado.

    Um maravilhoso texto, como de esperado.

    Um beijo querida.

    ResponderExcluir
  13. Eu queria ter recebido uma carta dele. *O*
    Mas... nunk é como agntq uer e uso a memória (não cartas)para memoriza-lo.
    ameeei meeesmo o post.
    beijinhos
    me visite,
    http://oicarolina.wordpress.com/

    ResponderExcluir
  14. tem selos pra você no meu blog:

    http://fernandaamylice.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  15. Arianne, primeiramente vou agradecer sua visita e suas palavras sobre o meu texto.
    Agora falando daqui, também não conhecia seu blog e gostei da tua maneira de escrever, esse texto cheio de paixão me deu vontade de entrar na história e fazer os dois ficarem juntos, haha, mas tempo ao tempo, né? Para o amor há que ter paciência.
    Passarei por aqui sempre que possível.

    Beijos e vou te seguir no twitter também =)

    ResponderExcluir
  16. Há certas lembranças que não nos deixam esquecer um amor antigo, seja cartas, fotos, músicas, etc. Diante de tal circunstância temos escolhas, desapegarmo-nos ou ficar relembrando o passado, com dor ou apenas uma suave saudade.

    ResponderExcluir
  17. tomara que essas metades se encontrem e possam ser um só.

    beijos

    ResponderExcluir
  18. Lindo Lindo o texto amor.
    Amei *-*
    bjs.

    ResponderExcluir
  19. gostei desse teu jeito franco de escrever.
    Que bom teu blog.
    Maurizio

    ResponderExcluir
  20. mas que malcriada voce, me associando a tipos como aquele senhor sem-vergonha! TÔ-DE-MAL!

    (obs: já escrevi e enviei tantas cartas apaixonadas pelo correio... a maioria voltava sem sequer ser aberta. Dai eu deixei de fazer isso e virei um... bom deixa pra la)

    ResponderExcluir
  21. Olá! Adorei seu blog, e estou te seguindo! Beijos e ótimo fim de semana (:
    http://joycenoelly.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  22. O triste dessa história é que fica aquela sensação do "e se...".

    Beijos

    ResponderExcluir
  23. Texto muito bonito, Arianne. Sinceramente me lembrou uma fase que perdurou bastante na minha vida.

    Beijos.

    ResponderExcluir
  24. Lindo texto flor!

    Cartas de amor, tao bom escreve-las, e recebe-las entao, nem sei explicar a sensação.
    Nunca exponho meus textos, a nao ser por essas cartas, quando a necessidade de verbalizar o amor fala mais alto, escrevo uma, duas, três.. e graças a Deus, alguém sempre as responde.


    Tenha uma linda noite!
    Bjs & abraços!

    ResponderExcluir
  25. ''Estou com sua metade e você com a minha, talvez devêssemos compartilhar esta nossa metade.''

    Mas um de seus textos maravilhoso!! *-*
    Ah, pode me linkar *-* *-* *-*
    Vou deixar sua marquinha lá no meu blog tbm!!! *-*

    bom final de semana!!

    beijos

    ResponderExcluir
  26. Pode parecer que eu venha aqui e não preste muita atenção, mas é que seus textos me chamam tanta a atenção que as vezes não sei o que comentar. Sinceramente, adoro seus textos. Já pensou em ter um livro? eu compraria com certeza
    http://www.claudiaalvesinteriores.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  27. Olá, primeiramente!
    Estou com um projeto novo, e se chama ''Viver, amar, sorrir'' (como pode ver: http://viver-amar-sorrir.blogspot.com/ ) e estou procurando pessoas interessadas em escrever sobre esses três assuntos. As postagens normalmente são semanais ou são feitas de três em três dias.
    Para entrar em contato, caso lhe enteresse, envie o seguinte formulario para o seguinte e-mail:

    NOME:
    DATA DE NASCIMENTO:
    POSSUE ALGUM BLOG/TUMBLR:
    SE SIM, ENDEREÇO:
    AMOSTRA DE TRABALHO:

    Para o e-mail : iulekaralkovas@hotmail.com
    Grata, desde já :)

    Ps: Desculpe por isso. Mas não consegui entrar em contato com você de outra maneira. Lindo blog, sempre.

    ResponderExcluir
  28. ooooooi ariane.
    eu sou a mary do blog do "palavraseescondidas", obrigada pelo comentário mesmo vc me deu um belo incentivo pro vestibular, eu amei teu blog é lindo e teus textos tbm , te seguindo já :)

    ResponderExcluir
  29. Tem selinho pra vc lá no blog!!

    beijos, Ari!!

    ResponderExcluir
  30. Estou com sua metade e você com a minha, talvez devêssemos compartilhar esta nossa metade.

    Só falta a pessoa aparecer.
    Ahahaha
    Beijos meus querida amiga!
    Um doce final de semana!

    ResponderExcluir
  31. Será que simples e sinceras palavras podem nos tocar mais do que gestos verdadeiros?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente, opine, critique.

Postagens mais visitadas deste blog

Eduardo e Mônica*

Fim de tarde. Ônibus lotado. Legião Urbana. A menina ouvia sua música predileta enquanto lia seu livro predileto, o menino ouvia sua música predileta enquanto segurava sua ânsia de chegar em casa e ligar seu computador para jogar. Ela estava sentada e mergulhava dentro do seu mundo, ele estava em pé e seus dedos inquietos rebatiam o apoio do ônibus.  Sinal verde, sinal amarelo, poff... O ônibus freou e aquele mp3 velho do menino caiu sobre o livro aberto da menina. Os passageiros tentaram se recompor, mas os ouvidos da garota captaram a música daquele mp3 velhinho. O menino se desculpou, ela disse que ele não tinha culpa e sorriu. Ele não tinha jeito para sorrisos e, quando sorriu, ela notou que era verdadeiro.  O velhinho do lado da menina ficou brabo e se levantou para resmungar contra o motorista, ele não tinha nada a ver. Senta do meu lado, convidou a menina. Ela não sentiu vontade de saber tudo sobre ele naquele momento, ela só queria tentar roubar outro sorriso dele. O velhinho

O nome dela é Júlia

Vagalumes Cegos by Cícero on Grooveshark      O cheiro dela sempre estava em mim. Eu, deitado naquela minha rede barata na varanda, escutei suas batidas na porta. Como sabia que era ela? É porque ela batia sem espaço de tempo, como se estivesse fugindo da morte e ali era a salvação. Fui montando o meu sorriso que era dela e chamei de meu dengo.  Encaixei meus dedos nos dela e a puxei ao som de Cícero.   Não, isso não acontecia todos os dias e nem sempre meu humor estava naquela medida, mas esqueci de mim um pouquinho e brinquei com ela.  Dancei com ela durante alguns segundos: aqueles seus olhos fechados, corpo leve e sorriso nascendo. Ainda não disse o nome dela, não foi? O nome dela é Júlia. Júlia de 23 anos, ainda voava como criança e tinha um dom de pintar um quadro mais louco que o outro. Finalmente ela ficou sem fôlego e correu para cozinha. Escutei da sala a geladeira se abrindo e a água sendo colocada num dos copos americanos.

Numa dessas prévias de carnaval

           O dengo dela era farsa. Tudo o que eu descobri foi um sorriso de criança que se apaixonava pelos motivos errados. Amiga dos meus amigos, minha amante nas drogas. Não sei ao certo a idade que ela tinha, mas vendo pelo lado da sua irresponsabilidade e da depressão escondida por trás daquela máscara, eu arrisco uns 20. Morena, uns 1,60 de altura, leve como uma pluma (uns 44 kilos) e olhos que me revelavam tudo e ao mesmo tempo nada. Olhos que me inquietavam. Na verdade, sendo direto a esse ponto, seus olhos eram cor de mel. A encontrei quando estava sendo arrastado por um bloco e ela por outro - e, naquelas ruas do Recife, nos deparamos. Numa dessas prévias de carnaval, ela sorriu com cinismo e me puxou para o clima dela. Me fez dançar toda aquela tarde escaldante, e não cansei. Não cansei de estar perto daquela menina perdida e sem previsão de saída. Ela tinha toda aquela energia que me deixava com vontade de ficar. Uma personagem completamente perdida no mundo das fantas