Era tão gostoso de sentir a inocência ao te ver. Encolhia os olhos só para imaginar um cenário de nós dois – não tinha beijo, mas a sensação do carinho mútuo era intensa. Sonhava peripécias fantasiosas e, com nossas mãos dadas, não existia o mundo – sinto saudade do sorriso perto do meu ouvido, ele dizia coisas bonitas. Celular a gente não tinha, mas pedacinhos de papel ainda estão aguardados lá na minha caixa do passado. Cada frase eterna e promessas que prometemos não quebrar ainda estão guardadas à espera da sua imortalidade. Sinto falta do seu aconchego e daquela margarida de beira de estrada que você me dava. Devia ter guardado ao menos uma só. Ainda me lembro das corridas e afobações que eu passava apenas pra te ver do outro lado da rua, tínhamos pressa e um tchau era o suficiente – passava a tarde inteira relembrando a cena. Venha cá, vamos relembrar os momentos bonitos que desenhamos juntos e tentar eternizar as palavras ditas com tanta inocência daqueles dias. Vamos esquecer os problemas – por um segundo – e tentar pensar apenas na gente e naquele sentimento que dividimos com tanta alegria. A gente não chamava de amor e há pessoas que chamam do primeiro amor, vou acreditar nisso, mas só por que eu passei nos sintomas de coração apaixonado: Mãos suadas, barriga gelada, pés trêmulos e palavras perdidas. Tudo isso foi misturado e deu no pensamento você. A resposta não é mais amor e sim nossos nomes desenhados naquela velha árvore do parque da escola. Gostoso era sentir a inocência ao te ver.
Fim de tarde. Ônibus lotado. Legião Urbana. A menina ouvia sua música predileta enquanto lia seu livro predileto, o menino ouvia sua música predileta enquanto segurava sua ânsia de chegar em casa e ligar seu computador para jogar. Ela estava sentada e mergulhava dentro do seu mundo, ele estava em pé e seus dedos inquietos rebatiam o apoio do ônibus. Sinal verde, sinal amarelo, poff... O ônibus freou e aquele mp3 velho do menino caiu sobre o livro aberto da menina. Os passageiros tentaram se recompor, mas os ouvidos da garota captaram a música daquele mp3 velhinho. O menino se desculpou, ela disse que ele não tinha culpa e sorriu. Ele não tinha jeito para sorrisos e, quando sorriu, ela notou que era verdadeiro. O velhinho do lado da menina ficou brabo e se levantou para resmungar contra o motorista, ele não tinha nada a ver. Senta do meu lado, convidou a menina. Ela não sentiu vontade de saber tudo sobre ele naquele momento, ela só queria tentar roubar outro sorriso dele. O velhinho
Que lindo, Arih. *-*
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