Pular para o conteúdo principal

Postagens

As minhas aventuras com Eduardo Galeano l Resenha #01

Memorizar datas sempre é uma tarefa difícil para mim, por isso que eu não quero arriscar uma data específica do dia que conheci, de fato, o escritor Eduardo Galeano. Chuto dizer que o conheci em meados de 2010, e o lugar do encontro não poderia ter sido melhor: numa biblioteca pública do estado de Pernambuco, localizada no centro da cidade do Recife. Foi através de um amigo que pude conhecer Galeano e os seus infinitos abraços através de grandes histórias.   Uruguaio, Eduardo Galeano (1940-2015) traz em seus textos uma mistura de inquietações que nos são poeticamente compartilhadas. A beleza, a emoção e o sofrimento sendo descritas em poucas linhas e que nos transbordam com reflexões. A minha primeira leitura de Galeano foi “O Livro dos Abraços”, da editora L&PM, com tradução do Eric Nepomuceno. E, segundo o tradutor, Galeano foi o único escritor a revisar com ele todas as linhas das obras traduzidas antes de serem oficialmente publicadas no Brasil. Isso mostra o carinh
Postagens recentes

Epifania

Essa foi uma das minhas metamorfoses mais intensas. Estava sufocada em meu próprio casulo e a fechadura estava por dentro. Ninguém, além de mim mesma, poderia me salvar do meu próprio sufoco e da falta de ar. Quando o sentimento de vazio te drena por inteira e não consegues pensar mais em nada. Você quer chorar. Sim, você quer chorar, mas você não consegue e a explicação é tão ilógica que você não quer mais pensar tanto sobre isso, apenas quer sentir novamente a sensação da sua neutralidade sobre o mundo.  Meus olhos estavam fadigados e demonstrariam rendição a qualquer momento, mas algo ainda me mantinha aqui e naquela hora eu não conseguia pensar nessa sutileza em que eu estava. Imaginei qualquer outra pessoa com liberdade e que poderia correr, gritar, chorar na hora que bem entendesse. Então, conclui, com as peças erradas, que tudo aquilo estava fora do lugar pelas minhas escolhas, atitudes e reações a diversas coisas que me transbordavam tristezas. Pude sentir meu

Me beije

Éramos nós dois naquele cômodo. Você fechou a porta e me pediu para esquecer, por alguns minutos, os problemas dos nossos mundos. Ainda não te agradeci por isso, mas você me diria que não seria necessário. Senti sua mão quente pelo meu rosto e aquilo me deixou mansa, era como se alguma fraqueza tivesse sido descoberta. O que foi aquilo? Me vi sendo alcançada, de alguma maneira. Seus olhos nos meus, sua pele na minha e os nossos desejos se entrelaçando. Te recordo na minha mente, um pouco enlouquecedor, mas o seu beijo é de como quero ser beijada. Me desculpe, ainda não sei como arrumar tudo isso, me pediram paciência e estou tentando seguir. É que as peças dos seu quebra-cabeça ainda não combinam com todas as minhas peças, mas isso também me deixa à espera de algo inovador. O meu corpo se tornou uma fatalidade contra o seu - me sinto entregue, vista e inalcançável. Como a devoção da abelha à sua colmeia. Aqui me transfiguro ao seu mel, apenas me encontre, outra vez. Le

Dias como este

Ontem não foi um dos meus melhores dias. Há dias que são ruins e outros bons. Mas ontem pude sentir o meu coração palpitar tão solitário como um cachorro abandonado na praça, sem remendos ou esperanças. Meus olhos tão pesados por derramar tantas lágrimas e meus soluços intermináveis de puro sofrimento. Tudo vem dando errado desde o começo e não quis enxergar. O meu corpo vem suportando muita coisa só porque o meu coração quis sentir. Estar apaixonada tem seus dois lados. Ser feliz e sofrer. Estou num meio terno incontestável. Fui feliz, mas agora sofro. E a solidão que me atinge tem que ser levada sozinha, por um tempo e quieta. Se queres fazer morada, ficas. Há cinco dias choro por um motivo que antes era tudo. Deixei ser levada por um sentimento tão forte, sentimento que passara apenas uma vez por mim e, agora, mais uma vez. Finais idênticos de pura melancolia, discórdia e dor. Será que os meus olhos os assustam? Ou meu defeito de falar tão pouco. Quis ser amada de todo coraç

Isabelli e as suas pequenas manias

Cometi dois grandes erros quando conheci Isabelli. Me apaixonei pela sua resposta rápida, seu senso crítico e pela sua independência misturada com a sua beleza natural que me fazia questionar se ela era real ou não. Aqueles cachos que me rendiam um cheiro de casa arrumada e sexo em qualquer hora do dia. Aqueles seus lábios, não tão moldados, mas que me prendiam ao êxtase ao pegá-la mordendo o seu lábio inferior após ouvir uma pergunta chata ao nível do chefe do trabalho. É, Isabelli me rendeu esse primeiro grave erro. O erro dos meus olhos se renderem, da minha vontade aumentar, do meu corpo suar.  O segundo erro foi não considerar sua desculpa esfarrapa de sair mais cedo do barzinho por conta da saúde de sua mãe. Descobri mais tarde que ela mora sozinha e que tinha medo de sair à noite. Isabelli tão erótica me fazia gozar por dentro com o seu andar de uma inocência fingida e com um salto alto de uma mulher. Parecia estar à espera do seu homem ou do homem que correspo

O quanto é bom amar devagarzinho

Hoje abri a janela com um sorriso no rosto. Você estava deitado em minha cama com um ar de satisfeito-preguiçoso-cafajeste-na falta de um abraço. Eu estava naqueles dias em que tudo é sorriso, tudo é motivo de relembrar os bons momentos do passado e o melhor momento para planejar o futuro. Sentia uma energia tão vibrante dentro de mim que desejava explodir e acender todo o nosso quarto. Misturar a minha energia com a sua. Uma sensação de encaixe. Como se agora eu pudesse ver a figura secreta do quebra-cabeça. Alisei o seu rosto. É engraçado nos questionarmos nessas horas o porquê da demora de encontrar quem nos faz tão bem. Considero essa felicidade como a linha de chegada. Aquela mesma sensação de ter ganho algo que você lutou por tanto tempo e que agora finalmente você pode gritar para todo mundo ouvir o quanto está orgulhoso de si mesmo. O quanto a espera é importante para alcançar algo. Solucionar uma equação perdida entre tantos cálculos, transformar em vírgula aquele ponto deslo

A garota da balada

Tenho pouco tempo para escrever tudo aquilo que eu vi hoje. Estou dentro de um banheiro de uma balada qualquer. Baladas dessas madrugadas que acabam acontecendo quando você está com os amigos e decidem extravasar. Ok. Tenho que dizer que ela é de estatura baixa, cabelos curtos e da cor preta, olhos moldados por um traço marcante e com lábios, exageradamente, lindos. Ester. Este é o nome fictício que inventei para ela e que agora não sai da minha cabeça. Ester dança como uma profissional, mas que ainda consegue ter a proeza de um gingado de menina. A enxergava em câmera lenta e os jogos de luzes a transformavam uma estrela de sucesso no palco. Ester. Ester. Tinha conseguido chegar perto dela. Cheguei dançando no ritmo do barulho e conseguindo conquistar seus olhos sobre mim. E, por eternos cinco segundos, nos olhamos como um caçador olha sua presa e sabe em qual momento deve atacar. Eu estava sendo a sua presa, ela estava me atacando. Ester ria através de cada movimento, olhares,