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Manhã de Primavera.



O amor é o sentimento mais bobo de todos, mas é o que todos querem um dia sentir. E tenho a mais plena certeza que o que senti ao te olhar pela primeira vez foi o amor. Fiquei boba e vulnerável. Tudo isso aconteceu numa manhã de primavera...

Num caminho sem rumo percorria na saída do colégio, deveria ir para casa, mas não estava nem um pouco a fim de ir. Na verdade queria poder uma vez na vida quebrar um pouco as regras. Apesar de que isso não era bem quebrar uma regra. Apenas estava desviando um pouco do caminho. Meus pés estavam na terra, meus ouvidos e minha mente em... “Running from a bad home, with some cat inside...” Estava no modo de repetição. Quando gostava de uma música a ouvia em excesso. E a voz do cantor, a voz dele era intensa e ao mesmo tempo apaixonante.
Todas as manhãs as paisagens eram as mesmas: árvores, arbustos e flores. Ah, lindas flores. Como poderiam ser tão graciosas e nos transmitir o seu aroma apaixonante sem igual? Seus formatos e astúcias sempre me foram motivos de perguntas sem respostas.Não gostava do modo científico de que apenas uma semente teria a formado, ou até mesmo pássaros migrantes com sementes de lugares desconhecidos. Ah, realmente não gostava. Elas eram diferentes, cresciam num determinado tamanho elegante, transmitiam sua beleza no lugar obscuro e seu aroma era inevitável. Nem os perfumes chegariam ao patamar de suas graças. Mas apenas as observa. E nesse momento elas já não estariam mais aos meus olhos, apenas os arbustos altos que me protegiam dos raios solares. Ah sim, percorria minha trilha despreocupadamente. As altas árvores pareciam me cerca e isso me fazia sentir protegida por grandes batalhões com suas armas acobertando-me – seus galhos formosos eram indescritíveis – e suas raízes demonstravam honra por seus muitos anos de existência e com certeza experiência – um dia queria saber alguma estória de uma árvore – deve ser interessante.
Mas, nesse momentos elas já não estariam mais aos meus olhos, captava agora as folhas secas da primavera. Ah, eram cruciantes. Meus pés voltavam a ser pés de crianças – pés inquietos – sempre querendo pisá-las e escutar a melodia gritante de cada folha. Mas, nesse momento... Nesse momento, o momento era dos meus olhos. Eles viram o amor. Nem meus ouvidos, nem minha mente, nem meus pés, nem meu corpo. Mas meus olhos. E eles comandaram todo o sistema nervoso. Meus ouvidos já não ouviam mais a música. Minha mente já não conseguia codificar tais letras da melodia. Meus pés já não estavam mais inquietos e sim quietos. E meu corpo sem comandos apenas esperou e presenciou o estudo da minha óptica. Meus olhos pareciam finalmente reagir, mas meus comandos ainda estavam em êxtase.
Contudo ele mandava sinais e alertas ao meu bombeamento cardíaco. Ele acelerava e isso me preocupava. E a preocupação englobou partículas de água em meu rosto. Estava suando? Minha respiração tornou-se ofegante. Estaria doente? Naquele momento eu não sabia o diagnostico correto.

Era uma manhã de primavera. Miguel, o garoto da rua Benfica do número 242 tinha voltado à terra natal depois de 9 anos de ausência. Éramos amigos de infância, apenas não sabia que iria reagir-te tal maneira ao reencontrá-lo. Bem, isso é o amor, não é? Ele era meu melhor amigo. O amor de amigos é assim. Agora eu sei. “...She's so scared, so very frightened anything could happen, right here tonight. “ e a música chegou ao fim.


Tradução: “Running from a bad home with some cat inside...”“Fugindo de um lar ruim com algum gato dentro...”
“...She's so scared, so very frightened anything could happen, right here tonight. “ e a música chegou ao fim.“...Ela está tão assustada, muitíssimo amedrontada, algo poderia acontecer aqui mesmo esta noite.”

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