Pular para o conteúdo principal

30days: 20. Sábado de dezembro


Eu gostei quando você chegou e nem se importou com minha inexperiência de uma troca de olhares numa noite tão propícia a uma cena de novela. Aquele cavanhaque acompanhado daquele sorriso sacana me contaram que tudo seria por segundos e nem chegou a doer quando te vi embora. Apenas bateu uma saudade e um desejo que aquela madrugada se prolongasse um  pouco mais. Porque você sabia, eu também sabia, que toda aquela nossa história só seria escrita naquele dia na praia com os amigos. Aquele seu papo de moleque - sem eira nem beira - que me puxou com jeito e me deixou presa na sua praia. Nos conhecemos num sábado a tarde quando caminhávamos para o mesmo destino: um luau. O que dizer? Você me respondeu com um somos jovens e que a vida era aquilo que podemos fazer dela. Fazer valer a pena.

Você tem aquele beijo que machuca e alivia ao mesmo tempo. O típico beijo lento que me tira do sério. Mas você tinha aqueles braços que me envolviam e que me preenchiam naquela noite fria com o teu calor tão único que me deixava sem chão. Em momentos fechei os olhos só para guardar aquela última imagem que via de você - aquele seu sorriso de moleque, mas que tinha tanta história pra contar e que eu apenas me satisfazia com aquelas suas observações de que nunca tinha visto um olhar como o meu. Você me prendeu na sua rede sem piedade. Quis uma troca profunda como dois adolescentes apaixonados num verão esquecido entre tantas lembranças. 

Ouvimos o cantar das sereias e deixamos ser iludidos por um encontro casual - desenhamos nossos nomes na areia da praia bem pertinho da beira do mar e assistimos aquela onda apagar nossos nomes e levar a nossa história. Na verdade, aquela noite em que conheci você, um rapaz cheio de interrogações e reticências, mas que visitou a minha atmosfera e logo se foi. Porque há coisas que devem passar logo e só ficar o que nos aconteceu como lembranças para serem contadas entre amigas e risadas. Sabe, você foi o meu exemplo de que as pessoas não precisam estar do seu lado  para se tornarem inesquecíveis. Aceitei o seu carinho, o seu dengo, suas gírias, seu abraço sem jeito e tudo aquilo que te torna único apenas por algumas horas e mais alguns minutos. 

Você se foi levando uma descoberta daquela menina que você encontrou do nada e que permaneceu por mais alguns dias. Porque a gente ficou tão bem que parecia que nos conhecíamos de outras vidas e eternidades, mas sempre no mesmo nível: um encontro que fica e noutra vai. Um encontro que encontra, mas não dói. Agora estou lembrando daquelas nossas mãos entrelaçadas e da gente tentando contar as estrelas do céu - ouvindo o pessoal cantar Cazuza - o tempo não para e nossos sussurros para que o tempo parasse ali e só voltasse em nossa vontade. Então, estou decretando que estamos no passado, presente e futuro - estamos numa outra dimensão.
Protagonistas daquele sábado de dezembro com beijos iluminados pelo raiar do sol. 

O domingo foi nossa ressaca de um bem tranquilo que se foi. 


30 dias de escrita, dia 20 (Um dia na praia)
Ops: Baseado em fatos reais! hihihi

Comentários

  1. "Sábado de dezembro" http://eppifania.blogspot.com.br/2013/05/30days-20-sabado-de-dezembro.html#comment-form via @ariannebc

    ResponderExcluir
  2. Adorei......


    Sofremos demais pelo pouco que nos falta
    e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.
    Shakespeare

    ResponderExcluir
  3. Em O Retrato de Dorian Gray (meu livro preferido) há um trecho onde um dos personagens afirma que há coisas que são preciosas por não durarem.
    Seu texto retrata muito bem isso e é algo que eu acabei por me convencer depois de passar por certas coisas que sei que, se tivessem durado, não teriam hoje o valor que têm para mim.
    Penso que muito do que que permanece tempo demais, acaba por desgastar-se.
    Há momentos que nos são únicos, por serem imortais em nossa mente.
    Muito bom o texto. Vejo que este desafio é literalmente um desafio.
    Parabéns Arianne.

    PS: Espero que meu comentário chegue até você desta vez.

    ResponderExcluir
  4. Gostei bastante do texto, eu já estava desconfiando que ele era baseado em fatos reais! Ele ficou ótimo mesmo!
    Relativamente Louca

    ResponderExcluir
  5. Ai, que coisa mais linda!
    Lembrou um pouquinho de como conheci minha namorada também. <3

    ResponderExcluir
  6. Muito bonito...me fez lembrar várias coisas...misturadas e todas juntas...rsrs...gostei do desenrolar!

    []s

    ResponderExcluir
  7. Que lindo seu texto! Algumas partes me fazem lembrar de tantas coisas *-* Adorei!

    Beijos ;*

    agarotadochapeuvermelho.blogspot.com

    ResponderExcluir
  8. Adorei seu texto mesmo, muito legal, adorei!
    http://e-girlie.blogspot.com.br

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente, opine, critique.

Postagens mais visitadas deste blog

A garota da balada

Tenho pouco tempo para escrever tudo aquilo que eu vi hoje. Estou dentro de um banheiro de uma balada qualquer. Baladas dessas madrugadas que acabam acontecendo quando você está com os amigos e decidem extravasar. Ok. Tenho que dizer que ela é de estatura baixa, cabelos curtos e da cor preta, olhos moldados por um traço marcante e com lábios, exageradamente, lindos. Ester. Este é o nome fictício que inventei para ela e que agora não sai da minha cabeça. Ester dança como uma profissional, mas que ainda consegue ter a proeza de um gingado de menina. A enxergava em câmera lenta e os jogos de luzes a transformavam uma estrela de sucesso no palco. Ester. Ester. Tinha conseguido chegar perto dela. Cheguei dançando no ritmo do barulho e conseguindo conquistar seus olhos sobre mim. E, por eternos cinco segundos, nos olhamos como um caçador olha sua presa e sabe em qual momento deve atacar. Eu estava sendo a sua presa, ela estava me atacando. Ester ria através de cada movimento, olhares,...

A nossa história.

(  Acompanhe :   Prólogo   -   Capítulo I  -   Capítulo II ) O ENCONTRO . Naquele dia, ela acordou com uma vontade enorme de sentir-se amada. Estava cansada do lado da cama vazia e não ter ninguém para beijar no dia 12 de junho. Então, ela se arrumou como nunca antes. Escolheu seu melhor vestido, provocou no seu batom e caprichou no olhar, escolheu aquele salto que valorizava suas pernas e soltou os cabelos. Quando se olhou no espelho, se auto admirou. Que tipo de princesa a donzela teria se transformado? Sairia feliz e convicta que estava armada como um cupido do amor. Ela queria um parceiro que a dissesse que a amava e que a queria por toda vida. Passou por tantos pretendentes, mas nenhum a fazia sentir aquele toque de entusiasmo  (borboletas voando dentro da barriga) dentro do coração. Ele, o coração, palpitava cheio de energia quando um suposto príncipe a olhava e chamava para beber, mas no fundo tudo seria passageiro. Ela queria um que dura...

O quanto é bom amar devagarzinho

Hoje abri a janela com um sorriso no rosto. Você estava deitado em minha cama com um ar de satisfeito-preguiçoso-cafajeste-na falta de um abraço. Eu estava naqueles dias em que tudo é sorriso, tudo é motivo de relembrar os bons momentos do passado e o melhor momento para planejar o futuro. Sentia uma energia tão vibrante dentro de mim que desejava explodir e acender todo o nosso quarto. Misturar a minha energia com a sua. Uma sensação de encaixe. Como se agora eu pudesse ver a figura secreta do quebra-cabeça. Alisei o seu rosto. É engraçado nos questionarmos nessas horas o porquê da demora de encontrar quem nos faz tão bem. Considero essa felicidade como a linha de chegada. Aquela mesma sensação de ter ganho algo que você lutou por tanto tempo e que agora finalmente você pode gritar para todo mundo ouvir o quanto está orgulhoso de si mesmo. O quanto a espera é importante para alcançar algo. Solucionar uma equação perdida entre tantos cálculos, transformar em vírgula aquele ponto deslo...