Pular para o conteúdo principal

Era primavera




Era uma linda primavera de 1935, estação onde o desabrochamento das flores é alvo de intensas criticas e admirações. Também ocorria um desabrochamento dentro de mim, não era público era dentro. O aroma encantado era apenas percebível a mim e quando acontecesse o toque esplêndido; acompanhado da medida intimista, este esplendor perfumaria todo o lugar.  Por fim, ele ainda não teria sido encontrado e ainda repousava solenemente sobre mim. Possivelmente, eu facilitaria seu encontro, no entanto, não poderia atrevei-me a demora. A pequena saída à francesa que teria dado dentre meus parentescos, fora com uma desculpa clichê de todas as mulheres. Apressava a me aprontar - com vestes duma flor, como ele falava - para atrever-me a pisar em terrenos desconhecidos dos meus familiares. Em rápidos segundos, meus olhos apressados procuravam uma movimentação distinta através da janela, mas os risos e conversas eram ainda mais gritantes.

O mal foi por ti esconjurado e eu ousei o que jamais tinha ousado; abençoada repousaria em seu peito e encontraria a pólvora da paixão.  Meus pensamentos eram soltos, mas ainda sim certos. As testemunhas vivas da minha fuga da tarde, apenas seria a natureza – a tão bela e viva natureza me levaria com um sorriso aos braços do meu amado. Lá me confortaria de todas as tensões familiares e obrigações que desejaria não cumpri-las. Apenas ele me entendia, ou tentava me entender.

Seu bilhete secreto deixado sobre as sombras de um girassol, alarmou-me a seguir pelo oeste – o sudeste carregava mares de empecilhos. Apavorei-me, não irei negar, meus pensamentos tinham independência de chegar-se até o nosso ninho, hoje teria de carregá-los acompanhados da minha saudade em direções distintas. Porém, não hesitei. O vestido creme que se soltava com sua beleza em cada passo dado, ressaltaria com o perfume francês, seu conjunto de encanto. Calçava sapatilhas – seriam recordações de uma antiga bailarina – e contemplariam a leveza de uma moça apaixonada. Levantei-me e levei comigo a rosa do primeiro encontro.  Elas seriam minhas doces companhias até o seu encontro. Pisadas mansas e quase inaudíveis eu percorria pelo salão principal – meus amigos uniformizados, sorriam, e logo voltam a seus afazeres – vi ao longe as gargalhadas políticas de meus pais; tomei-me a correr. A brisa da primavera incendiava meu rosto, as flores encantadas pareciam sorrir pra mim, retribuía com outro sorriso a elas. Meu vestido destacava meu corpo enquanto corria, meus curtos cabelos tentavam entrar em sintonia com o vento da estação de primavera, meus pés ainda sentiam a grama verde do campo.  – Elizabeth, retornas-te cá, retornas-te cá. – ouvi ao longe. Mas agora seria tarde demais. Aproximei com amor a rosa ao peito e exclamei em alta voz que iria de encontro para a felicidade. 



Para o projeto Bloínquês.

Estou muito feliz, pois quando entrei hoje no meu blog encontrei mais de 100 seguidores e mais 4.000 mil visitas em menos de dois meses. Isso enche o meu coração de imensa alegria, em saber que minhas epifanias estão sendo divididas em cada cantinho brasileiro e estrangeiro. rs Obrigada, blogueiros e blogueiras, leitores e leitoras. São vocês que florescem este blog com o imenso carinho e comentários de cada um de vocês.

Comentários

  1. É bem difícil achar alguém que de alguma forma encaixe palavras bonitas num texto de dor, amor e felicidade. Você faz muito bem isso, e acredito que você irá longe. Beijos, e parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Oi flor ♥
    Beem?
    Adorei o post ^^
    - Xeriinho bem grande.
    Vou te seguindo!!!

    www.lojazart.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Olá,adorei seu blog! *-* Está de parabéns, você produz textos maneiros! (:
    Está de parabéns! Passe também no bloh e comente o que você achou, é um blog 'novo no pedaço' rs*, gostaria de receber críticas e dicas para o seu bom desenvolvimento!

    http://mariahxy.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  5. Oi Arih, pode me chamar como quiser ;)
    Seu blog está lindo e parabéns pelas suas epifanias, são ótimas, nada mais óbvio do que fazerem sucesso!

    Bem, indiquei um selo pra você, vi na sua página de selos que já recebeu ele, mas espero que aceite mesmo assim...

    beijos

    ResponderExcluir
  6. Olá, vim retribuir a visita e agradecer por se sentir à vontade na taverna (assim espero). Gostei daqui e das suas epifanias, me sinto enriquecida. Sigo com prazer. Parabéns! :)

    ResponderExcluir
  7. Primeiramente... que blog encantador, adorei *-*
    segundo, o texto está maravilhoso, vc sabe gingar as palavras, adorei o movimento das palavras, lindo lindo texto.
    adorei

    ResponderExcluir
  8. Seu blog é perfeito *-*
    Bom, mas estou passando para dizer que tem um selo a sua espera no meu blog:
    http://endofstep.blogspot.com/2011/01/selo-1.html
    Espero que goste, beijos.

    ResponderExcluir
  9. Bia sorte, porque talento você tem e muito!

    ResponderExcluir
  10. Arih, também adoro que você visite o meu blog. Fico muito feliz com os teus comentários, e de saber que pessoas como você, gostam dos meus textos tão simplórios, que são nada comparados aos teus. Você tem um dom, menina. Você escreve, muito, muito bem. Sempre me encanto ao passar por aqui. Parabéns. Beijo grande :*

    ResponderExcluir
  11. Arih, tem um selo pra ti no meu blog. Espero que goste. beijo :*

    ResponderExcluir
  12. E existe algo mais precioso que a felicidade!?
    Adorei o modo como as suas palavras nos submetem a um mundo inteiro de sensações e sentimentos. A cada linha, a cada nova descrição pode-se notar o quanto as palavras sentem-se a vontade em serem escritas por você!
    Gostei muitíssimo, cada detalhe!
    Grande beijo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente, opine, critique.

Postagens mais visitadas deste blog

Eduardo e Mônica*

Fim de tarde. Ônibus lotado. Legião Urbana. A menina ouvia sua música predileta enquanto lia seu livro predileto, o menino ouvia sua música predileta enquanto segurava sua ânsia de chegar em casa e ligar seu computador para jogar. Ela estava sentada e mergulhava dentro do seu mundo, ele estava em pé e seus dedos inquietos rebatiam o apoio do ônibus.  Sinal verde, sinal amarelo, poff... O ônibus freou e aquele mp3 velho do menino caiu sobre o livro aberto da menina. Os passageiros tentaram se recompor, mas os ouvidos da garota captaram a música daquele mp3 velhinho. O menino se desculpou, ela disse que ele não tinha culpa e sorriu. Ele não tinha jeito para sorrisos e, quando sorriu, ela notou que era verdadeiro.  O velhinho do lado da menina ficou brabo e se levantou para resmungar contra o motorista, ele não tinha nada a ver. Senta do meu lado, convidou a menina. Ela não sentiu vontade de saber tudo sobre ele naquele momento, ela só queria tentar roubar outro sorriso dele. O velhinho

As minhas aventuras com Eduardo Galeano l Resenha #01

Memorizar datas sempre é uma tarefa difícil para mim, por isso que eu não quero arriscar uma data específica do dia que conheci, de fato, o escritor Eduardo Galeano. Chuto dizer que o conheci em meados de 2010, e o lugar do encontro não poderia ter sido melhor: numa biblioteca pública do estado de Pernambuco, localizada no centro da cidade do Recife. Foi através de um amigo que pude conhecer Galeano e os seus infinitos abraços através de grandes histórias.   Uruguaio, Eduardo Galeano (1940-2015) traz em seus textos uma mistura de inquietações que nos são poeticamente compartilhadas. A beleza, a emoção e o sofrimento sendo descritas em poucas linhas e que nos transbordam com reflexões. A minha primeira leitura de Galeano foi “O Livro dos Abraços”, da editora L&PM, com tradução do Eric Nepomuceno. E, segundo o tradutor, Galeano foi o único escritor a revisar com ele todas as linhas das obras traduzidas antes de serem oficialmente publicadas no Brasil. Isso mostra o carinh

Desabafo Feminino: Ex, TPM e keep calm.

                 As únicas notícias que você tem dele são: “Ele superou numa boa”, “seguiu em frente” e o famoso fura olho (só para algumas mulheres)   “já encontrou outra e está super feliz”. Ponto. Acabou. Fim da linha e seguir em frente. As coisas poderiam seguir esse rumo, sem nenhum problema, mas daí aquele cara que não te entendeu ou tinha o enorme problema em mentir, te liga. Simplesmente pergunta se está tudo bem com você e como tem sido sua vida desde a separação. Você reflete um pouco sobre essa cena cômica da vida e se pergunta: “Mas o que diabos é isso?” O telefone tocou, viu o número dele e a vontade de ignorá-la era grande, mas não deu.         São naqueles dias que você só quer assistir filmes românticos com um pote enorme de chocolate do lado: TPM. No meu caso, só quero ouvir músicas deitada na cama. Só quero esquecer aquela dor insuportável, ela não perdoa. Vai e vem, vem e vai. Mais remédios, por favor. Aqueles comerciais de mulheres saltitantes com as resp